A Dúvida do Anjo

1º Episódio

Palavra do Autor:

Quando as pessoas "vêem" os Anjos, elas na verdade experimentam os efeitos da luz divina.
A verdadeira consciência angélica consiste em fazer brilhar as luzes na nossa mente, trazer nossa vida para a luz e viver na luz da verdade.
As escolhas que envolvem o amor fortalecem nossa luz.
As escolhas feitas a partir do medo ofuscam nosso reflexo.
Nossa frequência individual de luz depende das nossas escolhas conscientes.
Quanto mais nobre a escolha , mais elevada a frequência de luz que irradiamos.
Quando precisamos de força e alimento espiritual em qualquer situação, basta nos concentrarmos na nossa luz interior.

Capitulo I

Eu não contei a ninguém, porque iria deixar todo mundo em "polvorosa" e a recepção não seria tão perfeita quanto foi. O que aconteceu foi que: 

  Durante a arrumação da recepção do Elfo Elessar eu me deparei com o Cigano Dedylson arrumando uma  sacola com pães elfo embalados em folhas comestíveis. ( São também chamado de pão de viagem por manterem-se frescos por meses), cobertor, velas, facas, gemas,  corda... 

Eu pensei logo que o Cigano estava arrumando uma saída escondida para algum lugar. E com certeza seu filho não sabia disso.  Mesmo tendo ido dormir quase raiando o dia. Eu levaantei bem cedo para ir ter com Dedylson. Banhei-me rapidamente, vesti-me confortável, mas protegida. Com calças de couro macio, botas longas, blusa de malha fria com mangas longas, por cima um corpete de couro com placas de malha de aço na frente,  para proteger meus seios  que cismaram de crescer desse jeito...

E é muito incomodo se estiverem livres em uma luta... Eles sacolejam quase pulando fora das vestes., além de ser o lugar escolhido pelos adversários para minar as forças das fêmeas.
  Arrumei também meu alforje costumeiro com tudo que gosto de carregar em uma viagem, limpei e afiei minhas adagas mortais, prendi minhas lãs em um rabo de cavalo bem alto, coloquei uma toca de malha  e estava saindo quando apareceu diante de mim, ninguém mais do que Elessar.  Minhas pernas tremeram... Pensei:

- Seja o que for que ele quiser comigo agora eu não poderei ficar. É uma pena tenho saudades dele, mas preciso acompanhar Dedylson. Ele pode estar em perigo.

 Elessar falou  com sua gentileza costumeira:

= Aonde voce vai assim "Raposa"?  Vim chamá-la para um passeio, quero que conheças o reino das elfas gigantes que fica depois das montanhas. A Rainha mandou chamar-me e quero que voce me acompanhe..

Elessar acabou de me convidar e assoviou chamando sua montaria... Um cavalo de fogo maravilhoso. Chamamos assim porque as crinas dele parecem uma fogueira Cigana. Em sua cor castanha e amarela. 

Eu fiquei tentada em cavalgar aquela beleza veloz... Mas não poderia deixar meu amigo precisando de mim para sair em um passeio com meu Elfo preferido...  
Eu disse a ele que tinha marcado com um amigo no acampamento de Magno. Elessar como sempre adivinha (ou bisbilhota) os meus desejos , rapidamente disse que então me levaria.
Pegou-me pela cintura e colocou na montaria em seguida montou também e disparou pela floresta como vento. Era perfeita a cavalgada no lombo do belo "jvaala"  (fogaréu)!
  Elessar sorria quando minhas lãs açoitavam o rosto dele no nosso galope, eu as puxei para frente prendendo-as entre meus braços e o Elfo galante me disse:

= Não precisava tirar a liberdade de suas lãs! Elas têm um cheiro tão bom!

Aquela voz assim, juntinha do meu ouvido era um martírio! Sem contar o pavor que eu tinha de "emanar". Se é que isso aconteceu, ele foi discreto e não disse nada... 
Enfim chegamos ao acampamento. Elessar apeou desceu-me da montaria e me pediu que avisasse, que a noite ele viria para nos juntarmos e seguir viagem. A lua seria cheia ocasião perfeita
Eu agradeci e o elfo sumiu na "Floresta Negra" como um vento.

Entrei no acampamento tentando passar despercebida, mas minha altura me condenou. Ismael que estava temperando a caça perguntou:

 - O que faz aqui tão cedo Elfa? Vai viajar?

- Eu... Bem, vou acompanhar um amigo, mas antes vim falar com o Cigano Dedylson;

- Então vai precisar esperar... Eu vi quando ele saiu esgueirando-se para não ser visto e levava um fardo enrolado em panos. Ele tentava ocultar-se... Mas aqueles cabelos brancos são inconfundível.

- Para onde ele foi?

Perguntei com pressa e Ismael disse que ele tinha ido para o norte.
Eu me despedi dizendo que não podia fazer o que pretendia sem antes falar com Dedylson. (Vai que o que ele iria fazer não poderia ser alardeado). 
E corri indo na direção que Ismael me apontou. Depois de correr bastante encontrei Dedylson embaixo de uma árvore. Ele estava recostado, as mãos balançavam compassadamente nas cordas de seu lendário violão de sete cordas.

O instrumento parecia ter saído de uma loja de antiguidades! Por todo corpo do violão existiam adesivos e pinturas, que pareciam compostas delicadamente como lembranças. Deixando somente alguns espacinhos suficientes, donde se podia ver a verdadeira cor do instrumento, em vinho e dourado. Porém, o que mais chamava a atenção era o símbolo da família. "Um tigre de fogo"!
 No pé esquerdo, uma meia lua que acompanhava sem erros o ritmo da canção que se chamava *Kassandra*. Eu parei um tanto distante para não atrapalhá-lo na canção. 

Era gostoso ver como ele manuseava com destreza a sua "Guitarra Cigana" Eu me sentei na grama e fiquei apreciando de pernas cruzadas e mão no queixo enquanto seguia o balanço da música com o corpo. Quando ele terminou de tocar, instintivamente olhou para trás como se eu o tivesse chamado e levantou-se de um salto ficando muito sem graça como uma cria pega em fragrante fazendo algo errado. E disse olhando para os lados procurando se havia mais alguém:

- O que faz aqui Sigel? Eu não disse a ninguém aonde iria.

- Namäskara Dedylson! Eu sou um soldado e sigo rastros.

- Tudo bem Sigel, mas exatamente para que voce seguiu meus rastros.

- Para acompanhá-lo na sua aventura! Ou acha que eu deixaria que fosses sozinho sei lá para onde.

- Quem disse que eu vou a algum lugar?

- Ninguém! Eu vi voce arrumando a bagagem durante as preparações para o evento da coroação.

 Dedylson abaixou a cabeça e começou a andar em círculos chutando a grama. Depois disse:

- Querida! Por isso não contei a ninguém! Não queria que fossem comigo. Eu entendo que voce esteja usando de boas intenções ao querer me acompanhar, mas eu prefiro que não vá.

Era visível que o Cigano queria mesmo era me dar uma bronca, gritar e me mandar voltar para minha morada, mas se conteve e tentou falar da forma mais diplomática possível. e continuou:

-  Voce está ciente de que o Senhor Elessar convocou "os Amigos" Para uma viagem perigosa e voce precisa estar bem, não pode se machucar.

- Ah é? Com isso então voce me diz que está indo para um lugar de onde poderá sair ferido?

- Não Sigel... Eu...

- Sem bla, bla, bla Cigano! Eu vou e está acabado ou eu Chamo Lorian!

 - Voce pode fazer isso daqui Sigel?

Bem... Eu não iria conseguir porque o Magno não estava como o Elfo Lorian, mas eu não iria dizer isso a ele... Então falei ameaçadora:

- Quer experimentar?

- Não! Não! Não o chame Elfa, por favor. Quero que voces estejam plenos de corpo e alma quando forem até os anjos.

- Dedylson! Deixa de ser cabeça dura! Elessar disse: ( dessa vez quero Dedylson conosco) e me pareceu que voce estava muito feliz em ir.

- Eu fingi Sigel! Para meu filho não desconfiar que eu fosse sair em viagem . Não gosto de Anjos.

- Então voce está fugindo só por isso? Por não gostar de Anjos?

- Não moleca! Eu não estou fugindo! Respeite os mais velhos! Eu estou esperando um amigo que precisa da minha ajuda. Quando eu estava nas mãos da “Mandíbula".  Por várias vezes ele arriscou a cabeça para me esconder em sua casa. Agora é ele que precisa da minha ajuda.

- Tudo bem! Vou esperar com voce?

- Eu vou precisar acompanhá-lo quando ele chegar Sigel!

- Certo! Eu irei com voces.

- Por que voce é tão teimosa?

- Não sei dizer! Só sei que sou. Agora me diga: Porque voce não gosta de Anjos?

- Teimosa e curiosa!

- Posso ser o que voce desejar! Agora desembucha!

- Sigel! Olha o respeito!

- Da onde eu vim Cigano, não aprendi a respeitar! Não tive tempo, porque estava aprendendo a matar. Agora conta.

- Está bem criança! Vou contar:

- Depois que meu Magno nasceu! Eu passei por muitas coisas ruins e uma delas foi a esperteza de um Anjo em colocar minha Larissa em uma espécie de pegadinha.

- O que é pegadinha?

É Fazer a pessoa crer em uma coisa que não é de verdade. Mas quando a pessoa olha para aquilo, tem plena certeza que é verdadeira.

- Acho que entendi! Continue.

- Os Anjos são vazios de dúvida, talvez e será!
 E pior: eles nos invejam por nossas ignorâncias. Seus olhos tão displicentes e cheios de abismos... São carregados com as tristezas do mundo, porque eles sabem tudo que irá acontecer... 
De bom e de ruim. 
Mas continuam com suas fisionomias imutáveis. Eles gostariam de ser como nós os mortais, que  sabemos tão pouco sobre quase nada, e possuímos a graça de poder morrer, sem nem mesmo nos autoconhecermos.

Mas os anjos não! Anjos não choram e também não aprenderam a sorrir. Eles não possuem temores!  São precisos, frios, soberbos e arrogantes. E  nos invejam por nós sabemos brincar e contar causos como ainda hoje lá  na “roda cigana”. Nós podemos fazer isso, porque não sabemos o dia de amanhã. Vivemos um dia após o outro. 

No espaço celeste existem sete Anjos entediados... Que não sabem brincar.  São horríveis as existências tanto dos Anjos como dos demônios que também são tristes.
Os demônios gostariam de poder voar como os Anjos, mas são mal vistos e não têm por quem clamar. A diferença é que os demônios choram!  
Eles sentem dor. E como nós os mortais sabem pouco sobre quase nada!
 Por isso foram contemplados com o dom de questionar. 
Os demônios questionaram os anjos, que não conseguiram responder a eles.
Mas mesmo assim, os anjos os desprezavam por não saberem rezar.

-         - Qual foi a questão que o demônio fez aos Anjos?

       Eu perguntei e o Cigano olhando nos meus olhos respondeu:

 - Um demônio calculou consigo mesmo e em seguida questionou curvando-se diante do Anjo:

= No plano celeste existem Sete anjos principais, sete respectivos pares de asas, mas... Por que tens asas se já nasceste livre? Já vives nos céus e não tens pra onde voar.

Pela primeira vez um anjo fechou os olhos... Ele não sabia responder...
Do alto de sua elucidação, o Anjo buscou nos limiares de todas as existências uma resposta pra si mesmo. Ele não queria demonstrar consideração a um "ser inferior"! Mesmo que o demônio não pudesse ver, porque os Anjos não demonstram expressões faciais. Ele continuou de olhos fechados enquanto procurava  em sua eternidade a resposta.  E não encontrou.

Entretanto, o anjo indiferente de olhos evanescidos... Sentiu-se enfim feliz diante do que era não saber. Mas imponente continuou imóvel com desdém perante o demônio que sonhava ter azas para se libertar. Demônios nascem condenados. Mas um anjo nasce livre e soberano, Indiferente e inacessível.  A mente do anjo procurava:

- Qual o sentido das asas dos Anjos?
- Qual o sentido das asas dos Anjos?
 - Qual o sentido das asas dos Anjos?

Sem encontrar a resposta ele abriu os olhos e encarou o demônio. Um Anjo depositou seu olhar, pela primeira vez nos olhos de um espectro... O anjo estava retribuindo o presente que acabara de ganhar do pobre demônio.

Porque quando o Anjo confuso percorreu no típico silêncio dos anjos. As dimensões inarráveis do habitar do Gênesis... Subitamente ele percebeu que nasceu dentro de si o primeiro sentimento.
"A DÚVIDA" e em seguida o segundo sentimento: "A FELICIDADE"!

O Anjo ajoelhou-se diante da descoberta e gritou sua renúncia às asas que lhe sustentavam.

-         -Porque os Anjos precisam de asas se já nascem livres?

Naquele momento os mortais continuavam mortais.
Naquele momento os demônios continuavam demônios.
Mas... Naquele momento o anjo não era mais anjo. Mas o que ele era?
Não era anjo, não era mortal, nem era demônio.

São as asas que fazem os anjos...  Serem "Anjos". Sigel!
Mas a ausência delas não os torna espectros ou mortais.
Nem tampouco permanecem Anjos. Esse Anjo que renunciou suas asas não mais percorria os terrenos celestes. Era um Anjo caído!

Os Anjos Caídos são bastante usados em conflitos entre o bem e o mal, por serem facilmente seduzidos. Esse Anjo formou  “ O Portal dos Anjos” 

Onde recruta os Fallens  que são Anjos caídos do céu e condenados viverem eternamente à vida terrena como punição por seus crimes cometidos contra Deus e a humanidade.
Que é o crime por abdicar de suas asas angelicais. 
Entre os "fallens" está o "cerne" de todo o mal entre os homens.

Foi com esses seres que minha Larissa precisou lidar. E eles cometeram a tremenda maldade de quebrar o feitiço dela sem quebrar o feitiço da criança que ela carregava no ventre.
 Minha Larissa sofreu todas as penitências desse mundo ao tentar amamentar seu bebê. 
Graças aos Deuses o Last ajudou-a ou ela teria cometido suicídio por não conseguir alimentá-lo. 
Mas com isso... Eu perdi o meu filho. Além de não poder estar presente para protegê-los.
Last deu a eles todo amor que eu não podia dar. Meu filho o ama como a um pai.  E o Vampiro merece!


 Finalização 

Eu o abracei apertado e ficamos assim por um bom tempo! Ele não teve seu filho e eu não tive meu Pai... Mas um pensamento bom me assolou:

"- Dedylson ainda teria chance de conquistar seu filho ao invés de fugir dele"

 Passamos o dia inteiro naquele lugar esperando o amigo de Dedylson já estava entardecendo. Os tons rosados e azulados das nuvens  uniram-se ao alaranjado dos céus  tornando o pôr-do-sol uma obra deslumbrante.
As copas das árvores já abaixavam suas cabeças folhadas lentamente enquanto uma gostosa brisa soprava gentilmente nossos rostos... Nisso ouvimos tropel e nos escondemos...

Um humano apeou  com uma espada na mão e as vestes sujas de sangue e antes que chegasse até onde estávamos desfaleceu... Dedylson gritou aflito

- Antony!
.....
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Uma das melhores coisas nessas aventuras, são os amigos! Conversar, rir e fazer coisas com quem nós gostamos e que nos compreende;

Comentários

  1. Ficou mais que de.mais. Fantastica as histórias dos anjos... Parabéns, menina..👏😘

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