O Contra feitiço!


3º Episódio
Opinião do Autor.

Especialistas definem o medo como uma espécie de perturbação diante da ideia de que estamos expostos a algum tipo de perigo, que pode ser real ou não. Eles entendem ainda, que o medo pode ser um estado de apreensão, de atenção, esperando que algo ruim venha á nos acontecer.
Eu procuro sempre entender o medo, além das definições da palavra: Porque eu creio com convicção que o medo é uma sensação. Uma saudável sensação onde o nosso organismo se coloca em alerta, diante de algo que se acredita ser uma ameaça.
E esse estado de alerta é extremamente importante para a sobrevivência.


Capitulo I

Dedylson havia feito uma pequena fogueira que tinha duas funções: afastar os pequenos animais e iluminar um pouco o ambiente. Mesmo com a lua clareando tudo, era bom uma fogueira para manter o respeito e a distância dos animais e dos seres das sombras de chegarem perto de nós.

Durante a noite, enquanto Dedylson dormia um pouco, eu fui abstraída por imagens que passaram em minha cabeça. Tantos momentos em que estive tão perto de concretizar meu grande sonho e que foram desfeitos por algo inexplicável. Não tinha sentido algum. Não havia respostas. Apenas dúvidas e um sentimento de culpa que me fazia pensar que o problema estava comigo. Vários caminhos foram-me apresentados como possibilidade e nenhum deles davam em lugar algum. Eu ainda estava presa na indecisão de voltar para casa ou continuar com meus amigos. Eu me sentia tão confusa...

Olhei para o Cigano Dedylson recostado, meio deitado e adormecido e pensei que talvez ele me ajudasse a decidir. Será que eu teria o direito de deixar meu povo sem a minha proteção para permanecer ao lado dos meus amigos?
Essa era uma decisão que para quem estivesse de fora, poderia parecer simples. Mas não para mim... Enquanto eu pensava olhando para o Cigano adormecido, senti que a fisionomia dele desaparecia... Fechei os olhos apertando-os e guando os abri ouvi uma voz suave e ao mesmo tempo rude me dizer:

- Somente a aceitação passiva de um destino que te levará ao nada, poderá te ajudar. Aceitar a sina foi a única conclusão que me fez mais forte durante todos estes anos. Por isso posso te aconselhar.

Eu olhei para todos os lados e não vi ninguém, O Cigano não estava falando dormindo nem o Antony Na minha frente havia uma luz brilhando intensamente que parecia estar me mostrando a saída.
 Meus olhos viraram um manancial. As lágrimas corriam soltas pingando no meu pescoço...
 A luz ficou tão intensa que eu já não enxergava mais nada. Apaguei!

Quando Abri os olhos novamente Vi o sorriso do Cigano Dedylson... Eu estava deitada com a cabeça no colo dele, enquanto o seu amigo esfregava meus pulsos E o dia havia raiado... Eu sentia um vazio... Como se me faltasse um pedaço da minha vida. Antony perguntou:

♦ O que houve com voce Elfinha?

- Eu não sei! – respondi

- Que susto voce nos deu! Estava tão gelada quando acordamos. Pensamos que estivesse morta. Antony foi que ouviu seu coração que batia muito fraquinho e deduziu que sua pressão arterial havia caído. Eu disse a ele que foi muita emoção para um dia só minha filha.

- Foi sim Dedylson!

Eu respondi, mas fiquei pensativa! Sou um elfo. Trabalho com energias, como minha pressão arterial poderia ter caído assim sem mais nem menos. Isso era um mistério. Mas logo esqueci com aquele gostoso aconchego do colo do Cigano. Não tive o aconchego de um pai. E aquilo era bom demais!

Antony disse que era melhor irmos para nossa residência. Achei bom e agradeci aos dois pelo cuidado para comigo. Especialmente o Cigano. Que se desmanchava em carinhos. Ele sentia falta de seu filho e eu de meu pai.

Voltamos para casa em silêncio. Dedylson e Antony também não fizeram questão de me perguntar nada. Eu não aceitei usar a montaria. Ele estava convalescendo e eu só desfaleci. O cigano e eu fomos andando. Ele foi cantando e eu fui me acalmando enquanto ouvia a bela canção. Não parava de pensar no acontecido, mas já não havia mais o peso que senti durante tanto tempo que me parecia um fardo. Sempre que eu tentava tomar a decisão o fardo pesava mais... Junto com o desmaio... Me parecia ter ido toda carga que pesava sobre meus ombros. Eu estava leve. Sentia-me livre da culpa e meu coração pulsava tranquilo. Em paz.

Chegamos ao acampamento Magno e Dseyvar que estavam preparados para sair em busca de nossos rastros. Ficaram felizes em nos ver. Esmeralda havia preparado um belo desjejum e nos recepcionou. Falamos de muitos assuntos, Magno enfim conheceu o amigo que seu pai sempre falava. Ao ver que o famoso Antony era um rapaz pouco mais velho do que ele. Mudou de expressão... Eu percebi que o Cigano sentiu uma pontinha de ciúmes de seu pai. Os dois tinham assuntos que ele não conhecia e riam muito juntos. Antony contou sobre sua aventura e sobre ter sido salvo por Dedylson e eu deixando todos de boca aberta.

E eu aguardava que eles tocassem no assunto do que me aconteceu. A tarde entrou pela noite e não tocaram no assunto. Com isso percebi que eles esperavam que fosse eu a tomar a iniciativa de contar sobre o ocorrido. Então chamei a atenção deles e contei:
Quando terminei de contar todos olharam-se em silêncio e o Kaku começou a falar:

- Minha querida! Eu já havia dito ao Magno que talvez acontecessem coisas estranhas com voce.
Por isso ele estava sempre de olhos bem abertos em voce.
Como Dedylson já sabia do meu receio também, achamos que ele tinha ido atrás de voce quando voces dois sumiram..

- Do que o senhor está falando Kaku?

- Da maldição que voce carrega querida! Do feitiço.

- Eu? Mas por quê? Por quem?

- Desde o dia em que voce foi ferida pela “besta do Lenhador” eu temia que algo de ruim pudesse te acontecer. Podemos tentar livrá-la, mas voce precisa estar disposta a fazer o necessário para quebrar a maldição.

Ao ouvir isso, eu cheguei a sentir um alívio. Se eu possuía uma maldição não poderia voltar ao meu reino levando tamanho perigo. Seja lá o que fosse essa maldição... Mas a responsabilidade falou mais alto e eu disse:

- Estou pronta senhor!

- Calma Sigel! Vamos por partes. Primeiro voce precisa ter certeza. Segundo. Voce terá que se preparar para realizar com perfeição... Caso contrário tudo poderá acontecer de maneira pior.

- Por Febeh Senhor Kaku! Parece até que estarei indo para guerra.

- É como se fosse querida! Será difícil! Exigirá muita cautela e cuidados especiais para que voce consiga reverter a maldição sem correr grandes riscos.

- Isso quer dizer então que terão riscos. Mesmo com todo cuidado.

- Sim querida! – respondeu o Kaku.

Eu recostei na cadeira, cruzei os braços e olhei para Magno! Como se pedisse ajuda com o olhar.
 O Cigano era meu amigo, meu confidente. A quem eu contava tudo. Ele piscou para mim depois sorriu carinhoso. Eu entendi que não estava sozinha!

 E uma sensação de tranquilidade e confiança me fez suspirar fundo. Eu iria conseguir! O que tivesse que ser seria. Eu não iria me acovardar aquela altura. Eu sei que um elfo pode lutar com um exército, mas não é imune a magia. Mas meus amigos precisavam de mim para ir ao “portal dos Anjos”.
Voltei a posição inicial na cadeira e encarei o Kaku Afirmando que eu estava disposta a fazer o que fosse preciso.

Capitulo II

. Foi um preparo bem longo e árduo. Tive que fazer coisas que nunca passaram pela minha cabeça... Fui introduzida em um universo que eu não conhecia. Eu iria encarar a maior prova da minha vida. Quando conclui todos os ensinamentos do Kaku. Ele pediu que eu encontrasse o local certo.
Não poderia ser qualquer lugar. Precisaria ter a força da natureza colaborando, para que as energias emanadas da lua cheia fossem encaminhadas pera quebrar a maldição antes que ela se apossasse de mim por completo.
Magno esteve comigo em tudo. Ele disse que não seria naquele momento que ele iria me deixar só. Que queria participar de um momento tão especial. Tudo estava pronto e os astros apontavam ao Kaku que o momento era favorável. O Kaku pegou minhas mãos e oramos. Quando eu ia saindo ele disse:

- Sigel! Não se esqueça! Não deve usar seus poderes élficos. Todo cuidado é pouco. Podem ter acontecimentos inesperados.

Eu disse que estaria atenta a tudo.
Assim que sai na porta da tenda do Kau, fui envolvida por uma vibração energética muito poderosa. Uma energia diferente que fazia com que eu ficasse toda arrepiada. De repente eu vi aquela Luz que apareceu enquanto eu estava com Dedylson e Antony! E a voz que me falou novamente... Estava mais suave que lembrava uma cria...

- Voce vai passar por uma grande provação! – a voz me disse.

- Eu sei! – respondi.

- Será muito mais perigoso do que voces pensam ou imaginam. Não será como o planejado...

- Como assim??

- Não posso falar mais nada...

Magno me sacudiu perguntando o que eu estava sentindo... E dizendo que eu estava pálida e fria...
Eu disse a ele sobre a voz.
Então ele falou ao Kaku que não me deixaria ir sozinha.
O Kaku pensou por um bom tempo depois beijou minhas mãos e disse ao Magno que ele poderia me acompanhar, porém, não deveria intervir. Fosse o que fosse que acontecesse. Ou eu poderia morrer.

Depois de uma noite bem dormida, acordei cedinho. Os pássaros faziam festa com os primeiros raios de sol. Meu coração estava repleto de esperança. Fui até meu jardim, enchi o peito de ar e sorri para o mundo de Uaht. Naquele dia começaria a minha jornada... Um pouco antes de anoitecer, saí para o meu destino. Magno me seguiu em silêncio como foi estipulado pelo Kaku.

Era uma região muito bonita. A cerca de cem quilômetros de distância da minha morada. O por do sol me pegou antes que eu chegasse ao meu destino. Tudo estava lindo. A lua apareceu no horizonte e trouxe mais fé ao meu coração juntamente com seu brilho prateado. Cheguei a uma pequena clareira onde corria uma cachoeira logo a frente que borbulhava.

Aquele delicioso som da água corrente me deixava animada. Caminhei por uma trilha. Para chegar ao ponto exato. A noite estava muito clara com a Lua cheia dando seu espetáculo.

Montamos um altar sobre uma pedra com as coisas que Kaku me forneceu. Acendemos as velas e os incensos e na frente do altar uma pequena fogueira. E começou a ficar mais difícil... À partir dali, Magno não poderia mais me ajudar... Poderia me acompanhar, mas sem intervir. Sobre a atenção do Cigano eu subi numa árvore próxima que já sabíamos existir ali, para colher um favo de mel e colocar entre as velas acesas.

Segui as instruções do Kaku! Sentia a sua presença. Tinha certeza que ele estava em oração, mandando boas energias para que tudo saísse como combinamos. De repente a lua se escondeu dando lugar a uma noite muito escura. Sorte que a fogueira clareava tudo... Quando inesperadamente...  Surgiu a minha frente um humano de longas lãs negras todas esgadanhadas, sujo e completamente nu, Era Adriem! O Lenhador e parecia um tanto perturbado quando falou:

- Porque voce vai fazer isso?

- Para que eu não siga por toda eternidade correndo pelas florestas como um lobo. E, por conseguinte matar pessoas que amo.

- Voce tem certeza que isso te livrará da maldição?

- Eu confio no Kaku do acampamento “Tigre de fogo”

Sem ligar para o fato de estar nu chegou mais perto de mim separados pela pira de velas e mel e perguntou:

- Voce está bem?

- Eu... Eu...

Os olhos dele pareciam imãs que me prendiam... Eu não conseguia falar. Mas tentei o possível para manter minha sanidade. A lua voltou a apontar lentamente... Eu perguntei ao lenhador porque ele queria saber se eu estava bem... Ele não respondeu. Estava muito ocupado com seu conflito interno entre humano e fera com a presença da lua. Me parecia que ele tentava retardar sua transformação insana.

Resultado de imagem para Daryl Dixon com bestaMagno sem poder ajudar pegou a besta que seu pai deu a ele e armou uma flecha com cuidado, ele só possuía quatro e não poderia desperdiça-la. Ficou mirando de longe e observando.

O lenhador olhou para o Cigano com a besta armada e perguntou com a voz descontrolada. Não era mais a voz gentil do humano que chegou.

- Isso é prata?

Magno assentiu sombrio e o Lenhador continuou.

- Voce me promete uma coisa? Se eu perder o controle atira em mim. Não tente dialogar com a minha forma insana. Eu não quero matar a Elfa e todo mundo com quem me importo. Se não atirar em mim terá que conviver com essa culpa.

- Voce se importa conosco? Perguntei adivinhando a pergunta do Cigano que não podia falar.

Mas... Não houve tempo para resposta...
A lua malvada reapareceu total. Ceia e brilhante.
Com um grito e depois um uivo doloroso o Lenhador se transformou...
O Lycan enorme de pelo castanho se aproximava salivando, ele estava curvado pronto para atacar...
A primeira flecha de Magno se perdeu entre as árvores com o salto do Lycan sobre mim.
Magno tentou encaixar outra na corda... Assim que o Lycan tocou minha pele eu também me transformei... Mas com a diferença que eu fiquei consciente.
Os aparatos cigano do Kaku estava surtindo efeito sobre mim.

O Lycan agora incorporado definitivamente não me dava descanso... Mas eu como estava consciente lutava com imponência. Mesmo eu tendo o peso do grande lobo dourado,. eu lutava com a agilidade de um gorila. Corria em círculos como me foi ensinado pelo Kaku.
Nós teríamos que dar nove voltas em torno do altar que armamos na clareira. E eu não poderia deixar que o Lycan passasse na minha frente nem correr ao contrário das horas.

Quando o Lycan conseguia me segurar parecíamos um só movendo-nos sempre para o lugar certo.
Eu sempre que podia evitava as garras do Lycan... Elas poderiam me deixar na forma insana...
 Magno tentava a mira, mas ficava difícil poderia atingir-me. E pelo jeito que estavam às coisas,   parecia quase impossível que o meu lobo saísse vencedor. Magno falava na minha cabeça:

- Força! Precisamos virar esse jogo. Volte a correr!

Mas não tinha como... Ele era lobo a décadas e eu a poucos meses. Tinhas os instintos a agilidade, mas não sabia usá-las.
Nesse momento o grande Lycan atacou meu lobo com a pata traseira arremessando-me no meio dos arbustos espinhentos, fui salva pelos meus “pelos” ... E com a surpresa, eu não sabia mais para que lado eu estava correndo. Magno não poderia me orientar. Para me atualizar, e saber para que lado  correr me embrenhei na mata , enquanto o Lycan me seguia, eu percebi o movimento da lua e me situei, bem na hora que o Lycan me encontrou e se jogou contra a arvore que eu estava me escondendo, arrancando-a pela raiz... Eu voltei para a clareira esperando o Lycan para fazê-lo dar as voltas em torno do altar...

Resultado de imagem para dois lobisomem brigandoO Lycan ainda na mata... Soltou um uivo muito mais agudo do que os outros. Muito mais assustador... E saiu do mato numa carreira desgovernada e parou diante de mim esquio sobre as duas patas traseiras...
Era muito alto e feroz. Em seguida precipitou-se sobre mim uivando alto e espumando.
 Mas meu lobo deu um “tapa” no pescoço dele arrancando um naco de sua pele com pelos.

Ele se jogou sobre mim e rolamos pelo chão enquanto eu tentava evitar seus caninos....

Mordi a jugular dele e sacudi a cabeça. Arrancando um pedaço de pele e cuspi no chão...
 Com o espanto ele parou de me atacar e grunhiu, então, eu voltei a correr deveriam faltar poucas voltas eu já havia me esquecido...
 Continuei correndo e dizendo as palavras ciganas do contra feitiço...
Eu estava esquecendo-as e começando de novo varias vezes.
 Eu tinha me contaminado ao morder o Lycan e estava perdendo minhas faculdades.

Magno devia saber quantas voltas faltavam, porque quando eu olhei para ele... Ele fazia um gesto com a mão igual quando a gente está contando algo que está quase chegando.
Mas não podia me ajudar, aquilo era instintivo.
Então eu corri mais! Me concentrei no Kaku e na voz que eu ouvia.... Não sei por que, mas naquela hora não tive medo da voz. Ela me deu alento e coragem.

Enquanto eu pensava, fui despertada com a mandíbula do Lycan que estalou bem perto de mim ao tentar me abocanhar... Bem a tempo de saltar para o lado. E continuei a correr e a dizer as palavras.
 A vela estava acabando... Aquilo me deixou desesperada se apagasse eu poderia perder tudo que estava passando. Nesse momento ouvi a voz de Magno.!!

O que me assustou porque o Kaku disse que ele não poderia falar nada! Deveria manter silêncio absoluto. Mas ele gritou.

- ADRIEM!!!!

Ele estava com uma flecha de prata pronta na besta... E o Lycan parou na hora que ele Chamou seu nome verdadeiro... E Magno atirou!!

Resultado de imagem para dois lobsomen brigando
Acertou na minha nuca!
Eu perdi as forças ao sentir a flecha de prata entranhada bem fundo na minha coluna.

Olhei para Magno e cai pesadamente... O Lycan foi na direção dele... Só vi quando Magno se transformou no grande tigre branco e...

Tudo... apagou...
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Uma das melhores coisas nessas aventuras, são os amigos! Conversar, rir e fazer coisas com quem nós gostamos e que nos compreende;.

Comentários

  1. o cigano errou??? Era para mirar no lenhador....agora complicou tudo.

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  2. Não foi engano! ele quis mesmo acertar a "Besta dourada"....

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